O estado do Piauí enfrenta uma onda crescente de denúncias envolvendo profissionais da área de agrimensura, acusados de atuar em favor de grileiros para fraudar registros de terras. Um dos nomes que tem se destacado negativamente nesse cenário é o do agrimensor Valfran Nunes de Oliveira, que, segundo diversas denúncias, estaria envolvido em uma série de crimes fundiários.
Recentemente, uma notícia-crime foi protocolada na Delegacia de Polícia Civil da cidade de Floriano, no sul do Piauí, acusando Valfran de participar diretamente da elaboração de um georreferenciamento geodésico falso. O suposto serviço, além de fraudulento, estaria sendo utilizado para dar aparência de legalidade à ocupação criminosa de terras que possuem escritura pública legítima em nome de terceiros.
Segundo informações anexadas à denúncia, o mesmo agrimensor já teria sido citado em investigações semelhantes nos municípios de Arraial, Regeneração e Francisco Ayres, além de envolvimento suspeito em propriedades no estado do Maranhão. Fontes ligadas à Justiça Agrária afirmam que Valfran é visto como um dos principais operadores técnicos a serviço de grileiros na região, facilitando a inserção de dados falsos em sistemas oficiais de regularização fundiária.
Com a obrigatoriedade, imposta pelo INCRA, de georreferenciamento para a validação da propriedade rural junto ao sistema fundiário nacional, aumentou a demanda por esses serviços — e, com ela, também cresceram os casos de fraudes por profissionais inescrupulosos.
“Alguns agrimensores, ao invés de cumprir seu papel técnico com responsabilidade, tornaram-se peças centrais nos esquemas de grilagem”, relata um especialista da área de perícia fundiária. “É como se fossem os falsificadores modernos de títulos de terra, usando tecnologia para dar aparência de legitimidade a crimes gravíssimos”.
Há ainda rumores de que Valfran Nunes de Oliveira esteja foragido, após diversas representações formais e bloqueios judiciais de georreferenciamentos realizados por ele. As autoridades ainda apuram se há uma rede criminosa organizada, da qual fariam parte advogados, servidores públicos e outros profissionais técnicos.
O caso está sendo acompanhado por órgãos como o Ministério Público Estadual e Federal, o INCRA e a Corregedoria da Justiça, já que as fraudes impactam diretamente a segurança jurídica da posse da terra, prejudicam produtores legítimos e comprometem políticas públicas agrárias.
A população rural e instituições de direito agrário seguem mobilizadas, exigindo rigor na responsabilização dos envolvidos e maior fiscalização sobre os profissionais habilitados para serviços de georreferenciamento.
A reportagem seguirá acompanhando os desdobramentos das investigações e da atuação das autoridades.
